Indicadores financeiros para startups: quais acompanhar e por que

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Gerenciar uma startup com orientação a resultados e crescimento em escala requer o estabelecimento de indicadores e acompanhamento periódico deles.

Aliás, um consenso do mundo das finanças e do empresariado é que não se pode gerenciar o que não se mede. Logo, se torna mais difícil ou ineficiente gerir as finanças e o negócio sem observar os principais indicativos que podem ser extraídos dos números de ambos.

Neste post, você saberá como qualificar a gestão com indicadores financeiros para startups que desejam escalar. Vamos mostrar:

  • Por que é importante definir indicadores e avaliá-los frequentemente;
  • Como uma ferramenta de gestão financeira integrada facilita e qualifica as tarefas gerenciais;
  • A importância dos indicadores para a escalabilidade;
  • E 18 indicadores importantes para avaliar a empresa, estabelecer metas, medir seu sucesso e dar base à tomada de decisões.

A importância dos indicadores na gestão

Definir e acompanhar indicadores, e relacioná-los uns aos outros, dá ao gestor a capacidade de traçar metas e sempre buscar os melhores resultados. Isso porque eles são bases sólidas de visualização do que ocorre nas finanças e para o planejamento de objetivos.

Além disso, esses KPIs (Key Perfomance Indicators, indicadores-chave de performance) fornecem insights para medir o desempenho também operacional do negócio.

Por exemplo, o Lifetime-Value (LTV), um dos indicadores que detalharemos em seguida, mostra o quanto cada cliente representa por tempo de relacionamento. Assim, dá respostas às finanças e também revela o potencial da empresa em reter clientes e gerenciar o sucesso deles.

Gestão financeira integrada e acompanhamento em tempo real

Todos os acompanhamentos podem ser feitos manualmente e com planilhas em Excel, mas isso torna tudo mais demorado e propenso a erros.

Um software de gestão financeira integrada, com possibilidade de integrar a contabilidade ao G Suite, auxilia em muito na visualização e na atualização dos números. E otimiza a manutenção da exatidão das contas, reduzindo ou anulando a margem de erro dos cálculos.

Unindo essa integração à contabilidade online a avaliação dos resultados torna-se qualificada, pois, além de cada medição ou projeção de indicador levar em conta todos os componentes das movimentações financeiras e contábeis, a atualização dos dados ocorre em tempo real.

A importância dos indicadores para a escalabilidade

Quando falamos em startups naturalmente pensamos em crescimento e escalabilidade. E não há como ter um negócio escalável sem monitoramento das movimentações de valores e do desempenho financeiro.

Por meio dos indicadores financeiros para startups os empreendedores podem:

  • Acompanhar e projetar faturamento;
  • Controlar melhor os custos para mantê-los enxutos;
  • Calcular retorno financeiro interno e para investidores;
  • Contar com previsões bem aproximadas acerca de ganhos e gastos para agir com antecedência;
  • Ter sempre dados exatos e confiáveis para a tomada de decisões estratégicas.

Então, veja agora 18 indicadores necessários para as responsabilidades acima e saiba por que são importantes.

1. Lucratividade

O percentual de lucratividade, e não a receita bruta, é o que demonstra a real capacidade da startup de se manter, ser competitiva e crescer. Porque, mesmo se o faturamento for alto, o negócio tem pouco potencial se não alcança sobra de lucro.

Para obter o resultado deste indicador basta dividir o lucro líquido, faturamento menos custos totais, pela receita bruta. Depois, multiplica-se o resultado por 100. Por exemplo:

  • Lucro do mês: R$ 50 mil;
  • Faturamento bruto do mês: R$ 185 mil;
  • R$ 50 mil ÷ R$ 185 mil x 100 = lucratividade de 27,02%.

Então, obtendo o percentual, cabe ao gestor avaliar se ele é satisfatório ou se deve cortar custos e elevar preços, por exemplo.

2. Margem operacional

A margem operacional demonstra o percentual de lucro de cada venda antes do pagamento dos impostos. E é, junto à lucratividade, um dos indicadores que revela o potencial do negócio e/ou a necessidade de criar novas estratégias para competir no mercado.

Para chegar à porcentagem, divide-se toda a receita de vendas do período calculado pelo valor delas menos os custos de vendas — o lucro operacional. Depois, multiplica-se o resultado por 100. Veja:

  • Vendas do mês: R$ 45 mil;
  • Despesas de vendas: R$ 28 mil;
  • Lucro operacional: R$ 17 mil;
  • R$ 17 mil ÷ R$ 45 mil x 100 = 37,7% de margem operacional.

3. Ticket médio

O ticket é o valor médio que cada venda ou prestação de serviço representa ao negócio. E ter essa média calculada é necessário para avaliar se ela é positiva às finanças: auxilia no alcance do ponto de equilíbrio em período satisfatório, como veremos a seguir, e gera lucro.

Além disso, em momento de definição de metas ou de busca por investimento, o ticket médio é fundamental para tornar o planejamento dos números mais assertivo.

Na hipótese de o negócio buscar um investidor para aumentar sua força de vendas, ter o ticket em mãos facilita no cálculo do retorno sobre investimento — inclusive já considerando o aumento esperado no volume de clientes.

4. Ponto de equilíbrio

A startup chega ao seu ponto de equilíbrio quando suas vendas ou prestações de serviços cobrem todas as despesas. Portanto, deste ponto em diante o dinheiro que é gerado significa lucro.

É importante saber quando o negócio alcança seu equilíbrio para identificar se ele demora a ocorrer, o que significa menos lucro. E também para avaliar as despesas, estabelecer metas e precificar corretamente.

Agora, vamos mostrar os passos para chegar ao ponto de equilíbrio, o Break Even:

  1. Somar os custos fixos e variáveis do período calculado;
  2. Escolher o número para ser relacionado com o resultado acima: ticket médio ou volume de vendas e serviços prestados;
  3. Fazer a divisão para chegar ao Break Even.

Por exemplo, se as despesas do mês somam R$ 55.500 e o ticket médio é R$ 1.500, ela chega ao ponto de equilíbrio ao realizar 37 vendas.

5. Nível de endividamento

O indicador revela a porcentagem do financiamento de terceiros, como prazos obtidos e aportes recebidos, em relação às atividades da empresa. O nível de endividamento é obtido com o uso do passivo e do ativo do balanço patrimonial: divide-se o total do primeiro pelo total do segundo, e multiplica-se o resultado por 100.

Então, se o resultado for 20%, por exemplo, significa que 80% das atividades são financiadas por capital da própria empresa e 20% por terceiros.

No geral, esse indicador deve ser mantido no menor índice possível. Porém, dependendo da situação, um alto nível pode não significar que exista um risco.

Por exemplo, se a startup conquistar investidor para escalar as atividades a conta provavelmente indicará um alto índice de endividamento com terceiros quando for feita logo após o aporte. Mas, na realidade, apenas haverá uma grande entrada de dinheiro — para gerar resultados maiores no futuro e com prazo adequado para gerar retorno ao investidor.

6. Rentabilidade

A rentabilidade indica o retorno gerado sobre o capital investido. E atesta a viabilidade financeira do negócio, pois se as atividades não são rentáveis não é viável mantê-las.

Por exemplo, dois sócios resolvem abrir uma empresa e iniciam aplicando R$ 50 mil. Então, ao fim do ano alcançam um lucro líquido de R$ 35 mil após faturarem R$ 94 mil e pagarem salários, todas as despesas e impostos.

No fim, a rentabilidade — dividindo R$ 35 mil por R$ 50 mil — é de 70%. Ou seja, é  viável e todo o retorno sobre investimento ocorre alguns meses logo após o primeiro ano de atuação.

7. Lifetime value

O LTV significa o valor que cada cliente representa ao negócio por tempo de relacionamento.

Startups do modelo SaaS, que prestam serviços contínuos ou vendem assinaturas, por exemplo, precisam de um LTV alto, relativo a longos períodos, pois ter menos tempo de relacionamento significa perda de clientes e insatisfação deles.

Por exemplo, uma empresa que vende o uso de um software de automação precisa de um LTV alto, pois não deve perder clientes com pouco tempo de relacionamento. E tem de traçar estratégias para sempre elevar a conta.

Por isso, o LTV serve também como indicador de desempenho. Pois um Lifetime baixo pode significar que a implementação da solução é falha ou que o setor de atendimento e suporte não satisfaz os clientes.

8. Recebíveis

Acompanhar os recebíveis é uma tarefa que deve ser quase rotineira, sempre tendo os valores consolidados e prazos dos recebíveis em aberto analisados.

O indicador tem três principais funções:

  • Identificar possíveis inadimplentes para cobrá-los, visando consolidar todo o faturamento previsto;
  • Projetar o fluxo de caixa da empresa com exatidão, junto às despesas futuras;
  • Avaliar o percentual dos recebimentos à vista para adequar a gestão financeira e os gastos ao ritmo das entradas no caixa.

9. Margem de contribuição

Essa margem é o valor da receita que sobra para contribuir ao pagamento dos gastos fixos e ao alcance do lucro. Ela é o resultado do faturamento bruto de vendas ou prestações de serviços menos os custos diretos e variáveis. Por exemplo:

  • Receita de vendas: R$ 40 mil;
  • Impostos diretos: R$ 2.400;
  • Custo com ferramentas: R$ 18 mil;
  • Margem de contribuição: R$ 19.600.

Dentro do exemplo que colocamos, R$ 19,6 mil é a margem que contribui para o pagamento de despesas como aluguel e salários, que são fixas, e para o lucro líquido.

10. Índice de liquidez corrente

A equação entre ativo e passivo circulantes resulta no índice de liquidez corrente, que demonstra a capacidade dela de cumprir com suas obrigações no curto prazo.

A conta é feita dividindo o ativo pelo passivo, e o ideal é que o resultado seja superior a 1. Caso seja igual, significa que o capital de giro é tomado nas despesas e há dificuldades para obter lucro.

E, ainda pior, se for menor que 1, o negócio pode estar próximo de ter problemas e ficar inadimplente com credores e governo.

11. Burn Rate

Este indicador demonstra a velocidade na qual os valores obtidos em caixa são queimados, do termo “burn”, antes que o negócio comece a gerar caixa positivo. Pode ser tanto o gasto do capital social colocado na abertura do negócio pelos empreendedores responsáveis quanto um aporte recebido para dar o start da empresa no mercado.

Acompanhá-lo é necessário para que em qualquer caso dos citados acima se tenha algum controle sobre o caixa e se faça um planejamento, com orçamento, seguro.

Por exemplo, se o negócio precisa gastar cerca de R$ 5 mil ao mês para iniciar e manter suas operações, tal Burn Rate precisa ser levado em conta na busca de um investidor-anjo para que um aporte adequado seja solicitado e se tenham previsões confiáveis de liquidez e de retorno.

12. Retorno financeiro

O retorno financeiro de uma startup é uma métrica fundamental de ter calculada na busca por um investimento, pois os investidores em potencial sempre querem saber o quanto podem ter de retorno e em quanto tempo.

Para calculá-lo é necessário ter controle sobre todas as despesas do negócio — fixas, variáveis e algumas possíveis imprevistas — para que se consiga apurar o Burn Rate e enfim avaliar a capacidade de retorno financeiro diante do aporte buscado.

13. Custo de Aquisição de Clientes (CAC)

Havendo uma estratégia de aquisição de clientes em ação é preciso somar todos os gastos feitos com ela e dividir pelo número de clientes adquiridos no período para se chegar ao CAC.

Depois dessa conta, é interessante ainda avaliar o LTV para que diante do cenário geral se tenha um entendimento melhor do CAC. Por exemplo, duas hipóteses demonstram diferentes níveis de sucesso:

  • Um CAC de R$ 100 para clientes que gastam R$ 200 em produtos uma vez por semestre ou duas significa um lucro bruto de R$ 100 ou R$ 300 após o CAC;
  • Já um CAC de R$ 150 para aquisição de clientes que contratam serviços recorrentes, com pagamentos mensais de R$ 200, representa um lucro bruto de R$ 1.050 no semestre após a redução do CAC.

No primeiro caso o CAC é menor mas o retorno também é, enquanto no segundo se gasta mais para a aquisição porém o retorno é maior.

14. Total Cost of Ownership (TCO)

A tradução do nome desse indicador é Custo Total de Propriedade, que é o gasto necessário para a manutenção de um ativo operacional ou das operações, dependendo das atividades da startup.

Caso o negócio ofereça um software para empresas deve elencar suas despesas com os profissionais envolvidos em desenvolvimento, gerenciamento de sucesso dos clientes e outros setores da operação. A conta gerará o custo total necessário para manter a propriedade da solução e sua operacionalização.

15. Receita Mensal Recorrente

Este indicador é mais conhecido como MRR, do inglês Monthly Recurring Revenue, muito acompanhado por startups que trabalham no modelo de receita recorrente, como as Saas.

Caso o negócio não seja deste modelo pode calcular seu MRR pelas vendas mensais e projetá-lo conforme a média dos meses mais recentes e da taxa de crescimento mensal de vendas ou prestações.

O MRR é fundamental para que sejam feitas projeções de crescimento e um bom planejamento seja apresentado a possíveis investidores.

16. Receita Anual Recorrente

Annualized Run Rate (ARR) é o acumulado do MRR no ano.

Em relação a um ano que passou, é o faturamento do período. Para o que está correndo, pode ser projetado com base no MRR ou nele junto à taxa de crescimento dos negócios nos meses do ano corrente.

17. Retorno Sobre Investimento

(Returning On Investiment) ROI é um dos indicadores financeiros para startups que pode ser calculado para situações distintas, como:

  • ROI sobre o CAC;
  • ROI para o investidor que aportou dinheiro na empresa;
  • ROI do TCO;
  • ROI sobre o capital que os investidores aplicaram para a abertura da empresa, como citamos anteriormente.

Em todos os casos o cálculo é o seguinte: (retorno obtido – valor investido) ÷ valor investido.

Como resultado a conta mostrará o quanto retornou ao negócio para cada real investido e, multiplicando o resultado por 100, revelará o quanto de retorno houve em percentual.

18. EBITDA

EBITDA é o lucro operacional da startup antes de descontar impostos e amortizações. É a receita total gerada para o período menos todas as despesas operacionais fixas e variáveis necessárias às atividades.

Ele revela a capacidade que a empresa tem de gerar caixa positivo com suas operações, ou alerta os responsáveis de que algo está errado e não é possível escalar sem correções — principalmente após a aplicação dos impostos.

No caso das startups, o EBITDA deve ser calculado e relacionado com o Burn Rate quando um investimento for feito ou as operações estiverem em fase de ainda não gerarem caixa positivo. Dessa forma, é possível mais exatamente saber quando o negócio atinge seu ponto de equilíbrio e começa a gerar ROI.

Agora, avalie quais desses indicadores financeiros para startups são os melhores para utilizar na gestão do seu negócio, estabeleça suas metas e atinja resultados. E não deixe de assinar a nossa newsletter para receber mais conteúdo focado em crescimento escalável.

3 comentários em “Indicadores financeiros para startups: quais acompanhar e por que”

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