Ter uma startup, ou qualquer tipo de empresa, no Brasil não é fácil por conta de ambiente, de realidades que dificilmente mudam, das leis e de outros fatores. Mas os empreendedores precisam ter em mente quais são essas dificuldades e como não deixá-las serem impeditivas.
Neste post, vamos abordar 7 dos maiores desafios para startups no país e o que fazer para superá-los.
1. Burocracia e tempo para abertura de empresa
Todo negócio começa por uma ideia e alguns deles até iniciam o funcionamento sem estarem formalmente abertos, o que é ilegal. Por isso, ou mesmo por necessidade para atuar no mercado, em algum momento os empreendedores obrigatoriamente precisam abrir suas empresas, o que não é simples e rápido.
É verdade que já foi mais demorado abrir uma empresa no Brasil, mas o processo ainda não é tão ágil. Por conta de integrações criadas entre diferentes órgãos que fiscalizam as etapas, como as Juntas Comerciais estaduais e a Receita Federal, e de mudanças em procedimentos antigos, a tarefa foi agilizada.
Atualmente, é possível que o número de CNPJ seja obtido em aproximadamente uma semana e que todos os registros estejam completos em cerca de 30 dias. Porém, a demora pode ser maior dependendo da época do ano, como em recessos, e por conta de pedidos adicionais de documentação. E durante esse tempo algumas atividades não podem ser feitas, como emissão de nota fiscal.
Portanto, para fazer a abertura com o máximo de agilidade, evitando problemas que protelam os deferimentos, é ideal contar com um escritório contábil para o processo.
2. Carga tributária
A maioria dos regimes tributários do país aplica as alíquotas de impostos sobre o faturamento, inclusive o Simples Nacional. Nisso, uma startup que tem algum faturamento inicial, mas pouco ou nenhum lucro pela fase na qual está ou por necessidade de sempre reinvestir ganhos, acaba pagando tributos sem mesmo gerar caixa.
Por outro lado, a alternativa de regime que tributa somente o lucro gera incidências muito altas, como 15% somente de IRPJ ao trimestre e mais 19,6% em outros impostos federais — sem citar os pagamentos mensais de ICMS ou ISS. Além disso, o Lucro Real, a alternativa, é extremamente burocrático e exige das empresas o envio de no mínimo cinco declarações.
Logo, quanto mais cedo um planejamento tributário for feito para a definição do regime mais adequado, melhor. E esses custos obrigatórios devem sempre ser elencados no planejamento financeiro do negócio e nas projeções do fluxo de caixa.
3. Juros altos na tomada de crédito
Os juros altos estão entre os maiores desafios das startups brasileiras porque nem sempre é possível financiar a empresa apenas com recursos próprios para um crescimento rápido.
Obviamente, buscar investimentos é sempre uma opção, mas os investidores são competidos dentro de um universo de startups e nem sempre se consegue um aporte, mesmo com uma boa ideia.
Diante disso, o que resta para muitos empreendedores é tomar crédito como pessoa física ou jurídica ao custo de juros que chegam a 400% ou mais ao ano.
Então, caso não se consiga um aporte e não se tenha dinheiro próprio, é preciso buscar alternativas menos onerosas, como as incubadoras e aceleradoras.
Por fim, se a startup não conseguir um investimento e nenhum outro tipo de fomento, a solução para não cair nos enormes juros do crédito bancário pode ser adiantar recebíveis ou primeiramente crescer de maneira vagarosa para dar um salto quando o caixa estiver mais inchado.
4. Abertura de conta bancária
Abrir uma simples conta em banco, mesmo sem seus produtos de capital de giro e outros, é um desafio porque nem sempre isso é possível.
Geralmente, ao fazer o pedido de abertura, a instituição pede documentos que comprovem a existência da empresa, seu faturamento e a identidade dos sócios. Os itens são para análise interna, da qual sai a aprovação ou não, sem que se tenha uma explicação acerca do resultado, de acordo com critérios que os funcionários do banco não podem revelar.
Nesse momento, se o faturamento da startup for baixo ou se a sua abertura for recente, a conta — somente para receber depósitos — pode ser negada. Então, o empreendedor deverá encontrar uma forma de receber o faturamento e esperar algum tempo para tentar novamente ter uma conta em banco de pessoa jurídica.
5. Questões corporativas das empresas tradicionais
Por mais que uma startup seja inovadora, tenha um ambiente descolado e em todos os sentidos se diferencie de empresas tradicionais, juridicamente ela é uma e tem de se portar com tal em relação ao Fisco, precisando ser bem administrada e gerida.
Contabilidade e gestão financeira
A partir do momento em que o negócio está formalmente fundado ele deve fazer a escrituração contábil, pagar impostos, gerenciar o dinheiro que entra e sai, fazer contratações quando necessário e arcar com outros critérios mais burocráticos.
Muitas vezes, mesmo tendo espírito empreendedor, o responsável pela empresa não tem noções acerca de tais assuntos e encontra muitas dificuldades para geri-los e fazer uma administração correta e sustentável.
Isso demanda ao proprietário, e sócios que possa ter, buscar aprender sobre esses assuntos para pelo menos ter uma base sobre eles. Também, é fundamental contar com uma contabilidade focada em seu nicho que dê assessoria para gerenciar a startup.
Outras solução é contratar especialistas em gestão para lidarem com essas questões, o que até grandes empresários brasileiros já fizeram. Porém, essa opção exige que o caixa tenha muitas disponibilidades, pois são profissionais difíceis de serem encontrados e custam bastante dinheiro em salários e benefícios.
Cultura organizacional e gestão de pessoas
Critérios como missão, valores e comportamentos somados fazem a cultura organizacional do negócio, ou código de cultura. Normalmente, vem do fundador da startup, que teve determinada motivação para criá-la e acredita em ideais e virtudes para sua continuidade no mercado.
Primeiramente, pensar na cultura organizacional e documentá-la é relativamente simples. Colocá-la em prática, especialmente quando se tem uma equipe, mesmo pequena, simultaneamente à gestão das pessoas já não é tão simples.
Depois, enquanto a empresa se desenvolve e o quadro de funcionários aumenta, o desafio é manter a cultura e as virtudes valorizadas em um ambiente dinâmico e com mudanças muito rápidas.
Buscar uma assessoria para gerenciar as equipes, ou para aprender mais sobre o assunto, pode ser uma opção para os primeiros momentos. Posteriormente, é adequado contar com um setor de recursos humanos, que não é o mesmo que departamento pessoal, especialmente para fazer a gestão de pessoas, incluindo planejamentos como plano de carreira, política de cargos e salários e acompanhamento da qualificação profissional e pessoal dos funcionários.
Gestão da qualidade no crescimento
Conforme a empresa cresce o número de processos aumenta e a velocidade deles e de mudanças também. Sem o devido cuidado isso pode afetar a qualidade do que é entregue e cada vez mais distanciar a startup dos clientes.
Desde o começo, os processos devem ser muito bem estabelecidos e controlados, já projetados para uma escalabilidade saudável. De acordo com o crescimento, contratações levando em conta a cultura da empresa e as necessidades dos clientes devem ser feitas, enquanto adições para melhoria de processos devem ser planejadas, testadas e, na garantia de sucesso, implementadas em escala total.
6. Disputa com grandes e tradicionais players
Uma startup que se lança, projeta o produto mínimo viável e encontra seu perfil de cliente ideal ainda tem o desafio de disputar fatia de mercado com empresas maiores e menores que já estão no mercado e conquistaram o público.
Para enfrentar esse desafio, e sobreviver, obrigatoriamente deve-se apresentar um diferencial, pois ser só mais uma dificulta em muito a competitividade. Focar em algum nicho também pode ser uma boa saída, nem que somente para alcançar os primeiros clientes e ir construindo cases de sucesso para crescer.
Às vezes um nicho muito específico dentro do público alvo em geral ainda recebe pouca atenção das marcas já atuantes dentro da área e pode ser uma grande oportunidade.
7. Suportar pressões do mercado e de clientes
Empresas em seus primeiros estágios sofrem diversos tipos de pressão, como baixar preços ao máximo para fechar negócios e desfocar demais do produto ou serviço a pedido de clientes, especialmente dos maiores.
No receio de perder público e não crescer, alguns empreendedores acabam cedendo a essas pressões e prejudicando o negócio no longo prazo. Portanto, é preciso saber medir até onde ceder é necessário e saudável e quando dizer não.
Agora que você sabe quais são os maiores desafios para startups no Brasil, não deixe de assinar a nossa newsletter para receber em seu e-mail mais conteúdo que o ajudará a crescer no mercado mesmo diante das dificuldades impostas.