As últimas décadas acentuaram diferenças entre startups e empresas tradicionais, principalmente pelo surgimento e pela disseminação de ideias novas sobre gestão financeira, de clientes, de produtos e serviços e para outros setores. Com isso também surgiram insights acerca do que as empresas tradicionais podem aprender com a mentalidade gerencial e os modelos de negócios de startups.
Por outro lado, em geral, não se deixou de falar sobre empresas e objetivos comuns a negócios de qualquer tipo, e todo o histórico construído pelas chamadas empresas tradicionais desde muito antes das startups não foi apagado. Logo, é importante pensar também no que as startups podem aprender com as organizações de modelo mais antigo.
Entenda cinco lições que as startups podem aprender nesse intercâmbio de conhecimentos e experiências.
Foco deve ser em monetização
Muitas startups colocam outros objetivos à frente da monetização de suas soluções, como estratégia ou como modelo de faturamento para o longo prazo. E é fato que há grandes negócios hoje que no passado iniciaram dessa forma.
Caso o empreendimento conte com grande capital de giro aportado pelos sócios ou adquirido por meio de um investidor, há menos risco. Quando esse capital não existe, o risco se torna altíssimo. E muitos negócios fecharam enquanto poucas exceções conhecidas sobreviveram e cresceram com monetização tardia ou vagarosa.
Então, desde o primeiro dia é preciso pensar como faturar o mais rápido possível e no maior volume, mesmo que ainda abaixo do potencial de monetização da solução e da empresa.
Valuation requer histórico e base sólida
Ao calcular o valor do negócio, muitos empreendedores acabam dando mais atenção a projeções de vendas, valor intangível de uma ideia e mercado em potencial do que aos resultados que de fato já foram obtidos. A consequência disso geralmente é um valuation enganoso e superestimado.
O quanto uma empresa vale tem a ver com suas vendas e sua capacidade de geração de caixa após subtraídas as despesas. Por mais que uma ideia ou solução seja muito inovadora e/ou tenha grande potencial, a empresa dona dela não pode ter alta estimativa de valor financeiro se não gera esse valor com a distribuição de seu produto ou serviço.
Um bom exemplo disso é a queda em valores de ações de gigantes globais e estáveis após resultados trimestrais abaixo do esperado, menos vendas ou outros motivos que reduzem seus valores de mercado na prática.
O pitch não substitui relatórios financeiros
Responsáveis por startups se preocupam muito com pitch, e justificadamente, quando buscam algum tipo de investimento para acelerar o crescimento. E obviamente todo pitch deve ser bom. Mas possíveis investidores precisam entender a solidez do negócio, necessária para seguir operando, e como o investimento pode multiplicar o potencial pré-aporte, para o retorno esperado por todos.
Então, ao apresentar o pitch, o sócio deve ter todos os números do empreendimento em sua cabeça para responder a questionamentos e também para demonstrar que por trás de um belo projeto e da teoria existem viabilidade econômica e demanda do mercado. Se houver a oportunidade de entregar algum material em mãos de possível investidor, é provável que bons relatórios financeiros recebam mais atenção do que o pitch apresentado.
Sempre existe concorrência
Startups e empresas tradicionais estão acostumadas à competição do mercado, mas as últimas via de regra têm um posicionamento mais cauteloso em relação à concorrência, no sentido de prestarem muita atenção a ela. As startups algumas vezes não atentam da maneira devida aos concorrentes, principalmente quando desenvolvem soluções bastante inovadoras, com muitos diferenciais ou para mercados de nicho.
Essa pouca atenção dada aos demais players, que podem vir inclusive de fora do país, pode fazer com que as estratégias deixem espaço para outras marcas chegarem à fatia de mercado desejada — com a empresa tendo um comportamento menos competitivo do que deveria ter.
É claro que o foco maior deve estar no ambiente interno, mas também é importante entender quais são os concorrentes diretos e indiretos, o que eles estão fazendo e como as suas ações podem impactar na empresa e em seu planejamento.
Algumas “burocracias” não podem ser dispensadas
Com o termo nos referimos a processos não relacionados a atividades fim e obrigações, que podem ser vistos com burocracias desnecessárias. E são cuidados que as empresas têm há muito tempo, pois refletem posteriormente no funcionamento delas.
Alguns bons exemplos são cultura corporativa, planejamento de recrutamento e seleção e plano de cargos e salários. Os dois primeiros influenciam diretamente em contratação e manutenção de bons profissionais e na gestão de pessoas, que são os ativos mais importantes de qualquer negócio. O plano de cargos também é importante nesses sentidos, organizando hierarquias, promoções e expectativas de equipes.
Mesmo em um ambiente sem hierarquia tão rígida e com fluxos de trabalhos fluidos e comunicação aberta e acessível, esses processos, erroneamente confundidos com burocracias adicionais, podem ser implementados.
É importante lembrar desses ensinamentos porque existe mais uma semelhança entre startups e empresas tradicionais: ambas têm a pretensão de alcançar estabilidade primeiramente e depois crescer com a maior velocidade possível. E foi colocando em prática as lições abordadas, entre outras, que inúmeros negócios chamados de tradicionais, famosos ou não, se mantêm há décadas no mercado.
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