Como uma espécie de auditoria geral e profunda, Due Diligence significa diligência prévia. Essa inspeção tem como finalidade concluir qual é a situação do negócio em relação a estratégia, às suas finanças e a critérios legais, como o contábil, o fiscal, o tributário, o previdenciário, o trabalhista e de registros. Porém, dependendo do caso, a diligência pode focar apenas em um âmbito dos assuntos e setores da startup.
O resultado desse exame minucioso é o apontamento de riscos em potencial e de problemas existentes, caso existam. Dessa forma, se não existirem ou se forem quadros possíveis de reverter e não perigosos ao extremo, as partes interessadas na diligência e em seus resultados podem prosseguir com segurança. Por outro lado, se a investigação revelar que o negócio está inviável para o projeto que demandou a realização da auditoria, os interessados podem desistir de colocá-lo em prática e evitarem problemas ou prejuízos.
Neste post, mostraremos quais situações podem exigir uma diligência, o que ela abrange e como preparar a empresa para uma auditoria externa. Acompanhe-nos e saiba muito mais sobre o tema.
Quando deve ser feita uma auditoria de Due Diligence
A inspeção pode ocorrer tanto em casos que não envolvam negociações quanto antes de negócios a serem fechados com agentes externos.
Por exemplo, ela pode ser uma ferramenta de pura avaliação interna para auditar contas e procedimentos obrigatórios, em conjunto com o planejamento tributário da startup e seus indicadores financeiros e de desempenho. Então, ocorre um exame interno com foco em manter a exatidão e a correção dos processos e de dar auxílio à gestão.
Em outros casos, a auditoria pode preceder a entrada de um investidor, de um novo sócio, a venda do negócio ou sua fusão com outra empresa. Nessas hipóteses, a finalidade da diligência é mostrar o negócio de maneira transparente para participantes externos e ajudá-los a tomarem suas decisões com segurança.
Por isso, em situações assim são feitas auditorias externas, ou independentes, realizadas por profissionais externos ou por outras empresas — contratados pela própria startup ou indicados pelas outras partes interessadas —, com foco em transparência corporativa e boas práticas de gestão. Como dessa maneira a startup não tem controle sobre a realização, um parecer positivo aumenta a confiança de um possível investidor ou outro interessado antes que tome sua decisão.
O que é examinado em uma auditoria Due Diligence
Todos os pontos da startup são examinados — exceto em situações cujo foco seja uma parte do negócio apenas. Portanto, mostraremos quais são esses pontos dividindo-os em categorias.
De maneira geral, os documentos e critérios são observados com base nos últimos cinco anos e, às vezes, no período dos últimos três anos. Caso o negócio seja recente, provavelmente a diligência levará em conta seu histórico desde a constituição.
Dados empresariais
O intuito de revisar esses dados é averiguar se estão em conformidade com a legislação e também se não apresentam pontos que podem ir contra os interesses do investidor ou de outro agente externo. Alguns documentos e critérios inspecionados são:
- contrato social e alterações;
- demais documentos de registro nos órgãos públicos;
- inscrição em órgão de classe, caso seja obrigatório à empresa por conta de suas atividades.
Por exemplo, ao examinar o contrato social o auditor presta atenção tanto à conformidade do documento em relação às leis de registro e instituição de empresas quanto em suas cláusulas mais espeíficas, que podem prever ações que representam risco a um novo sócio ou investidor.
Questões trabalhistas
Além de verificar se a empresa está em dia com procedimentos exigidos pelo Fisco trabalhista, a auditoria vai além neste âmbito e volta-se a outros fatores pontuais da relação entre contratante e contratados, como:
- plano de cargos e salários;
- enquadramento sindical;
- benefícios concedidos;
- possíveis manuais de conduta, de sigilo das operações e outros a serem seguidos pelos profissionais da empresa;
- certidão negativa de débitos trabalhistas;
- possíveis processos na justiça trabalhista.
Situação tributária e fiscal
Estudar a situação tributária consiste em assegurar que o negócio tem o enquadramento correto, está com as obrigações acessórias e impostos em dia e apresenta certidões negativas de débitos tributários válidas.
Situação previdenciária
É a análise necessária para saber se a startup está em dia com as contribuições previdenciárias geradas pela folha de pagamentos e possui a certidão negativa de débitos referente a esses pagamentos.
Dados financeiros
A avaliação dos dados financeiros busca esclarecer as partes interessadas, especialmente o agente externo, sobre o estado da saúde e da gestão das finanças da startup. Para isso, alguns dos fatores inspecionados são:
- contas a pagar e receber;
- relatórios financeiros;
- indicadores financeiros;
- planejamento orçamentário;
- previsão de receitas.
Contabilidade
A escrituração contábil, com as demonstrações, é um dos elementos observados no quesito contabilidade. Junto a ela estão os ativos, com detalhamento de depreciação, e a situação patrimonial da empresa.
Elementos estratégicos
A estratégia empresarial pode ser tanto o motor de impulsão do empreendimento para o sucesso quanto o seu freio por falta de alinhamento ou falhas de visão e no planejamento de ações. Entre esses elementos estão inclusos:
- planejamento estratégico;
- parceiros-chave;
- segmento de clientes atendidos e buscados;
- planejamento de investimentos;
- matriz SWOT;
Contratos
Além da gestão de contratos em si, a auditoria observa cada um dos contratos válidos atualmente para o negócio, como contratos de vesting e com parceiros e clientes.
Registros de propriedades
É necessário por segurança analisar os registros que protegem as mais diversas propriedades da empresa, como a intelectual, de patentes e a proteção de direitos autorais.
Produtos e serviços
Neste sentido a auditoria não diz respeito às soluções vendidas em si, mas o que está por trás delas e é essencial para o sucesso, como forma de entrega delas, métodos de precificação, atualizações e melhorias em desenvolvimento, pontos a serem qualificados e outros aspectos dos bastidores que fazem a diferença em aquisição e manutenção de fatia de mercado.
Marketing e vendas
Os principais pontos estudados para esses dois setores são seus planos estratégicos, os processos envolvidos e como ambos estão integrados, e trocando dados, para gerar mais receita.
Como preparar a startup para uma auditoria de Due Diligence
Por meio de três passos simples é possível deixar a startup preparada para ser auditada por profissionais independentes e ter sucesso. E esses passos ainda ajudam o negócio a qualificar-se internamente, o que é positivo em qualquer ocasião, independentemente do que vá ocorrer adiante.
Alinhar os profissionais internos aos objetivos
Todo funcionário ou gestor tem sua importância nos processos internos, nos números gerados e nos resultados atingidos. Por isso, todos precisam estar a par dos objetivos da empresa, como a conquista de um investidor para buscar mais fatia de mercado, antes da inspeção para que estejam preparados e alinhados a esse objetivo.
Eles precisam saber que suas ações e seus erros e acertos serão influentes tanto no resultado da auditoria quanto depois dela, quando o projeto que demandou sua realização for colocado em prática.
Mapear processos e revisar dados
Esse mapeamento serve para que possíveis erros sejam identificados antes mesmo da inspeção e possibilidades de melhorias nos procedimentos sejam aplicadas de antemão.
Quanto aos dados, da administração, fiscais, contábeis e outros, precisam ser revisados para assegurar que inconsistências não sejam mantidas, o que pode soar para um auditor como má fé e para uma parte interessada externa como falhas de gestão e controle.
Realizar uma auditoria interna previamente
O grande diferencial da preparação para uma auditoria externa pode ser a realização de uma diligência prévia interna, na qual os profissionais e gestores irão examinar dados, documentos e procedimentos relacionados a suas funções.
Neste momento, falhas que não foram identificadas até o momento e oportunidades de melhorias podem acabar parando no filtro interno antes de causarem problemas no externo.
Em suma, a preparação requer arrumar a casa e auditá-la previamente para certificação de que tudo está correto e funcionando da melhor forma possível. Isso porque mesmo se a empresa for saudável e representar uma boa oportunidade para investidores, por exemplo, pode acabar não conseguindo todo o capital buscado ou perder o aporte depois de um diagnóstico questionável na visão de profissionais externos.
E se esse é o seu caso — está se informado sobre Due Diligence para conquistar um investimento — saiba de antemão qual apoio pode ser o mais adequado para sua startup: conheça 8 tipos de investimentos para fazer um planejamento mais assertivo.