Com fácil acesso à informação, canais de comunicação variados e a própria globalização do mercado, atualmente internacionalizar a startup é um desafio menor do que já foi antigamente. Não por acaso há mais empresas dos portes pequeno e médio atuando em um país ou mais além do Brasil.
Apesar da facilidade em alguns sentidos, existem dificuldades em outros quando se observa pontos como solução, leis, impostos, cultura externa e demais fatores. Daí a importância de análises internas prévias e pesquisas de conhecimento do exterior.
Adiante, veja como analisar o momento do negócio para dar esse salto e quais cuidados devem ser tomados com a decisão tomada.
Como analisar o momento para a internacionalização
O foco dessa análise é entender se a startup tem condições para manter operações e processos no exterior e competir da mesma forma que compete no mercado nacional.
Nesse momento, um dos principais pontos é o grau de maturidade da solução. Ela precisa estar validada e ter aceitação interna antes que seja oferecida em outro país, até porque internacionalizar a startup pode exigir adaptações e modificações no produto ou serviço para que ele atenda às expectativas dos clientes internacionais.
Uma solução que ainda não foi testada e validada localmente terá muito mais dificuldades para ser aceita fora do país. Isso porque qualquer alteração necessária para adaptação ao mercado externo será feito em algo que não está 100% pronto, gerando uma cascata de solicitações para desenvolvimento final de um bom produto ou serviço.
Tendo uma base sólida para apresentar a solução no mercado externo, a análise deve voltar-se às finanças. Primeiramente, é preciso avaliar se a empresa tem condições de sustentar a internacionalização com capital próprio. Então, deve ser feito um estudo de viabilidade financeira que leve em conta critérios como:
- lucro acumulado do negócio;
- faturamento mensal;
- lucro mensal;
- periodicidade média dos recebíveis;
- recebíveis futuros registrados na contabilidade;
- custos da internacionalização;
- precificação para o mercado externo;
- tempo estimado para geração de receita internacional.
Caso não haja condições de manter as operações internacionais até que seja gerado faturamento em outro país, e essas operações possam financiar a si próprias, é preciso buscar capital de terceiros.
Principais cuidados para internacionalizar a startup
Feitas as avaliações acima, e tomada a decisão pela internacionalização, os cuidados a seguir devem ser tomados para uma operação bem sucedida e sem problemas.
Cultura local
A forma como um negócio se comunica no Brasil pode não ser bem aceita em outro país. E o no dress-code, cada vez mais aceito no país, pode deixar a empresa com uma imagem ruim em outro local pela sua não aceitação.
Os aspectos culturais e corporativos do mercado externo a ser explorado devem ser estudados para que a startup não se depare com barreiras provenientes das diferenças em relação ao Brasil.
Ambiente legal e tributário
Um planejamento tributário é fundamental para estimar os custos tributários, encontrar o melhor enquadramento para a empresa cumprir com suas obrigações fiscais e aproveitar possibilidades como incentivos, deduções e outras formas de beneficiar o negócio e reduzir sua carga tributária.
Além da legislação tributária, outras leis que precisam ser observadas dizem respeito a relações trabalhistas, regulações de mercado, regras de movimentação financeira e até conteúdo legal relacionado a outros pontos, como o civil e o imobiliário – pois podem ter algum tipo de ligação com o projeto de internacionalização.
Canais de marketing e vendas
É comum que no Brasil o foco de das ações de ranqueamento orgânico ou pago para resultados de buscas online seja o Google. Porém, nos Estados Unidos e no Reino Unido o Bing abrange até 33% e 23% das buscas na internet respectivamente. Por isso, ignorá-lo com canal de aquisição nesses locais seria prejudicial.
Faturamento
Gerar receita de fora requer práticas diferentes das aplicada na geração de receita nacional, que em geral são bastante simples.
Além do processo legal de registro e cobrança de operações e receita, que inclui documentos como fatura invoice e contrato de câmbio, os responsáveis devem ter conhecimento e assessoria em relação a medidas de segurança das transações financeiras: cartas de crédito, Seguro de Crédito à Exportação e outros mecanismos.
Atuação de stakeholders
Fornecedores e outros tipos de parceiros internacionais podem ter formatos de atuação diferentes dos comportamentos naturais no Brasil. E não compreender essas diferenças podem dificultar em muito o alcance dos objetivos para os quais essas relações precisam ser estabelecidas e mantidas.
Quanto a possíveis fornecedores e pessoas envolvidas na mão de obra, existe a semelhança do que representam para a empresa. Mesmo assim, há chances de determinadas atribuições comuns no país não serem comuns a eles nos seus locais de atuação.
As diferenças podem ser ainda maiores em relação a outros parceiros, como representantes e intermediadores, já que suas funções são menos claras e objetivas que os trabalhos de funcionários e fornecedores – abrindo espaço para possibilidades e questões desconhecidas da cultura de negócios do outro país.
Registro de marca
Se a empresa tem sua marca registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), somente tem ela protegida nacionalmente. Portanto, precisa fazer o mesmo para protegê-la internacionalmente – no país onde irá atuar.
Isso requer pesquisa para constatar se nenhum outro negócio já registrou marca fora do Brasil com o mesmo nome. Caso não, o registro pode ser feito para proteção dela em todos os territórios de atuação da empresa.
Outra necessidade para internacionalizar a startup é o desenvolvimento de um plano de exportação de serviços, no qual todos os dados coletados e analisados, além das ações previstas, são documentados e podem ter o desempenho medido. Então, saiba agora como montar seu plano de exportação na prática atentando a fatores internos e externos ao negócio.