Um negócio financeiramente saudável é aquele que consegue equilibrar bem suas receitas e despesas, tendo liquidez e cumprindo com suas obrigações sem problemas de caixa. Em um cenário ideal, há ainda uma reserva para que investimentos possam ser feitos em prol do crescimento.
Por isso, existem alguns indicadores específicos utilizados para medir a saúde financeira da empresa, que vão justamente ao encontro de fatores como endividamento, lucratividade e confronto entre faturamento e gastos.
Veja agora quais são esses indicadores e como calculá-los e avaliá-los.
Nível de endividamento geral
Esse índice calcula o quanto a empresa tem de dívidas em relação a bens e receitas e o quanto suas atividades são financiadas por prazos e capital de terceiros.
Para realizá-lo é preciso elencar ativo e passivo de curto e longo prazos e totalizá-los. O ativo se refere a itens como saldos bancários e valores a receber de clientes, enquanto o passivo compreende todas as obrigações a pagar (impostos, funcionários, fornecedores, financiamento etc). Feito isso, basta dividir o passivo pelo ativo e multiplicar o resultado por 100.
Agora, acompanhe um exemplo de cálculo:
- fornecedores a pagar: R$ 5 mil;
- folha de pagamentos: R$ 15 mil;
- impostos e encargos: R$ 4 mil;
- contas a receber: R$ 40 mil;
- saldo bancário: R$ 23 mil.
Na hipótese, a conta seria a seguinte: R$ 24 mil ÷ R$ 63 mil x 100, com o resultado de 38% de nível de endividamento. E quanto mais baixo esse percentual, melhor.
Índice de liquidez corrente
Diferentemente do índice de endividamento, o de liquidez corrente revela o equilíbrio entre receitas e despesas apenas para o curto prazo, podendo até mesmo ser somente o mês em andamento, e a capacidade de cumprir com as obrigações. O objetivo é medir a saúde financeira da empresa atualmente.
A fórmula é parecida com a anterior, mas os itens utilizados são ativo e passivo circulantes. São eles saldos bancários e recebíveis de curto prazo no ativo, enquanto no passivo são as contas a pagar nesse mesmo prazo.
O método é somente dividir o ativo circulante pelo passivo circulante e observar se o resultado é menor que 1, igual ou maior, pois o que se verifica é quanto a empresa tem em saldos e recebíveis para cada R$ 1 de obrigação.
Sendo o resultado do índice igual a 1, significa que a empresa tem R$ 1 no ativo circulante para cada R$ 1 de conta a pagar em curto prazo. As obrigações são cobertas, mas não há nenhuma sobra. Portanto, o ideal é que o resultado sempre fique acima de 1 e nunca abaixo desse índice, pois abaixo quer dizer que não há receita suficiente para cobrir o passivo de curto prazo.
Lucratividade
Aqui, a conta é mais simples, bastando dividir o lucro líquido no período pelo faturamento bruto e multiplicar o resultado por 100.
Se o objeto do cálculo for um período anterior, basta buscar os números nos registros e aplicar a fórmula citada. Caso a pretensão seja prever a lucratividade do mês corrente ou de outro período futuro, deve-se utilizar o que já consta como registrado (contas a receber e a pagar já conhecidos) e mensurar os valores do que ainda não é conhecido mas se espera ter como receita ou despesa.
Nesse caso, a porcentagem tem de ser a mais alta possível. Se for muito baixa, ainda que as obrigações estejam sendo cobertas, o negócio pode ter problemas diante de qualquer imprevisto e ter dificuldades de crescimento. Ou seja, uma saúde estável mas com baixa imunidade.
Ponto de equilíbrio
O que esse indicador demonstra é quando, em determinado período, a empresa cobriu ou cobrirá as despesas e passou ou passará a ter lucratividade com seu faturamento. Com isso, o objetivo é encurtar esse tempo para que mais volume das operações seja disponibilizado para a soma de lucratividade.
O primeiro passo para conhecer o ponto de equilíbrio é somar os gastos fixos e variáveis do período analisado ou previsto. Depois, escolhe-se um fator de receita para relacioná-lo com as despesas e se chegar ao ponto, podendo ser o ticket médio, número de negócios feitos ou faturamento bruto.
Por exemplo, as despesas somaram R$ 15 mil para um mês, enquanto o ticket médio da empresa é de R$ 1.200. Então, o ponto de equilíbrio da empresa está na venda de número 13. A partir dela, os negócios passam a contribuir para a lucratividade da empresa.
Após obter-se o número do ponto de equilíbrio, é necessário elaborar e buscar responder questões como:
- em qual dia/semana do mês ou outro período chega-se ao ponto?
- é possível adiantá-lo?
- a empresa pode alcançar o ponto de equilíbrio mais cedo no período aumentando a receita ou reduzindo a despesa?
EBITDA/LAJIDA
As duas siglas significam o mesmo: lucro antes de impostos, juros e depreciação e amortização de ativos tangíveis, caso o negócio tenha. Por isso, sua função é medir o desempenho financeiro operacional da empresa isoladamente, se ela tem lucro somente considerando o faturamento e as despesas com produtos e serviços.
Ao medir a saúde financeira da empresa, um EBITDA/LAJIDA satisfatório indica bom desempenho financeiro das operações, mas um percentual baixo é sinal de alerta nas atividades e principalmente para o cenário geral, pois depois dos gastos operacionais é preciso suportar uma série de outras despesas.
Além dos indicadores, ter bons processos e controle para a gestão financeira também são fatores que ajudam o negócio a ser saudável. Então, veja como funciona e como implementar um financeiro escalável.