O mercado de fintechs cresceu muito no Brasil na última década com modernização do próprio mercado de serviços financeiros e também com mudanças importantes em leis e regulamentos voltados ao setor. E uma das formas de uma startup da área crescer é se colocar como intermediadora e facilitadora de transações e processos de outras empresas pelo modelo Fintech as a Service (FaaS).
Ou seja, não é obrigatório se colocar no mercado como um banco, mesmo que apenas digital, e concorrer com cinco corporações que ainda em 2022 concentram mais de 70% das transações, segundo o Banco Central, e lidar com obrigações extremamente complexas e custosas.
Agora, vamos falar mais sobre o modelo e como crescer atuando nele.
O que é Fintech as a Service?
Atuar como FaaS é oferecer soluções originárias de fintechs e bancos para negócios do ramo financeiro ou não. Ou seja, a fintech que proporciona a contratação de FaaS tem como objetivo entregar suas ferramentas de tecnologia e finanças.
Imagine que uma rede de varejo quer oferecer crediário próprio como estratégia de aquisição de clientes e aumento do ticket médio de suas vendas. Então, precisa de todo um sistema para emissão de cartões, controle de movimentações financeiras, gestão de juros e cobranças e uma série de outros mecanismos de tecnologia voltados às áreas de crédito e financeira.
Nessa hipótese, para não precisar investir em um produto próprio e todo um setor novo, além de ter preocupações com regulações, pode contratar uma fintech e utilizar a sua plataforma, APIs ou gateways feitos para esse tipo de necessidade e prontos para implementação e operação em curto prazo.
Como crescer nesse modelo de negócio?
Definir o público a ser atendido
Existem produtos, plataformas e serviços que em primeira análise podem servir a clientes de diferentes tipos. Por exemplo, uma conta digital pode atender grandes bancos, outras fintechs ou um e-commerce que deseja oferecer serviços financeiros a seus compradores e personalizar um programa de fidelização. Mas pode não ser possível, por inúmeros fatores, atender a todos os possíveis perfis de clientes simultaneamente.
Logo, a startup deve definir qual público deseja e pode atender em vista da estrutura existente e do produto disponível para implementação e manter o foco nele, buscando clientes que possam ser atendidos de maneira fluida e eficiente e mantidos no longo prazo.
Comunicar corretamente a proposta de valor e as características técnicas
A proposta de valor é a maneira como o contratante pode se beneficiar, aproveitando as características do produto. Por isso, ambos devem ser comunicados, sem que um fator substitua o outro, e nos momentos mais adequados para cada assunto.
Por exemplo, para um profissional como gerente de TI, que irá participar do processo de avaliação da compra e tem visão mais técnica, podem ser colocadas questões como arquitetura, qualidade de código, mecanismos de segurança e flexibilidade de implementação. Mas para os decisores, preocupados mais com os resultados, é necessário expor pontos como redução de custos com desenvolvimento, dispensa de preocupação com marcos regulatórios e formas como o produto pode ajudar a empresa no mercado e junto a seu público.
Oferecer o recurso white label
A interface white label personaliza tanto o uso por parte do cliente quanto as experiências dos usuários do cliente que adquiriu a solução FaaS. O cliente ganha competitividade oferecendo serviços financeiros com a sua marca própria, não envolvendo a marca de terceiros nas interfaces entregues a seus usuários.
Nesse caso, além da incorporação de plataformas e serviços às soluções do contratante, existe uma melhor incorporação em termos de design, marketing, estrutura e comunicação junto ao público, que são vantagens para o contratante e podem ser critérios decisivos para o momento de fechamento da proposta.
Ter um bom programa de compliance e divulgá-lo bem
Programas de compliance estabelecem processos padronizados e regulamentos internos (junto a códigos de ética), além de adequar a empresa a regulações externas, como marcos de órgãos de setores de mercado e as próprias leis brasileiras. E tudo isso é fundamental no ramo financeiro, que é alvo diário de ameaças internas e externas a todas as empresas envolvidas nele.
O objetivo é, em primeiro lugar, minimizar riscos ao máximo, evitar desvios de comportamento e recursos, contar com bons planos de contingência e estar em conformidade permanente com leis e outros textos reguladores. Mas não se trata de preocupação somente burocrática, pois um programa bem planejado e executado ajuda na manutenção da reputação do negócio e em outros fatores importantes para a competição no mercado, como aumento da confiabilidade perante clientes em potencial que podem contratar suas soluções de Fintech as a Service.
A qualidade e os pilares do programa de compliance precisam ser comunicados aos possíveis clientes durante as negociações, pois é uma preocupação prioritária para eles. E materiais diretos e esclarecedores, como detalhes e exemplos práticos internos, precisam ser preparados para entregar aos setores jurídicos dos clientes potenciais, que participam dos processos decisórios com investigações de due diligence minuciosas.
Seja a sua estratégia atuar como FaaS ou não, acompanhar leis e regras é fundamental para evitar grandes transtornos. Veja detalhes de quatro desses importantes e mais recentes marcos regulatórios.