Independentemente do tamanho de um negócio, planejamento financeiro é sempre importante. E para o autônomo PJ não é diferente, pois mesmo as menores empresas estão sujeitas a problemas como baixa lucratividade e desalinhamento entre receitas e despesas, que ficam mais evidentes e perigosas na falta de um plano de gestão das finanças.
A seguir, vamos explicar seis práticas simples e facilmente adaptáveis à rotina para gerenciar melhor a movimentação financeira.
Criar uma agenda tributária de impostos
O objetivo da agenda é ter previsibilidade e controle sobre uma das despesas recorrentes do negócio, que pode gerar uma série de problemas se for deixada em aberto.
Para isso, basta anotar os dias nos quais vencem o INSS e os tributos, as siglas especificamente a serem pagas em cada dia e os valores previstos de acordo com o faturamento e o histórico. Conforme os ganhos forem aumentando, os custos esperados devem ser atualizados.
Por exemplo, para um CNPJ do Simples Nacional:
- dia 7 — FGTS: 8% dos salários dos funcionários, se houver empregados;
- dia 20 — imposto: 6% do faturamento bruto mensal;
- dia 20 — INSS: 11% do pró-labore e entre 8% e 11% dos salários;
- dia/mês, mediante consulta — renovação anual do alvará: valor da tabela de taxas municipais.
Fazer comparação de impostos
Todo ano, devendo ser no mês de janeiro, os empreendedores têm a opção de mudar de regime tributário, o que pode ser feito para reduzir a carga de impostos.
Então, é válido simular, utilizando o faturamento real da empresa e previsões conservadoras, o que seria pago em tributos por outro regime, no sentido de verificar se há uma oportunidade de economia a ser aproveitada.
O momento pode ser o fim do ano ou, no máximo, os primeiros dias do ano seguinte.
Separar valores de pessoa física e do CNPJ
Pode ser difícil para o profissional liberal separar as contas PF e PJ, mas isso é necessário para uma boa organização e correto entendimento da situação financeira do negócio. Por exemplo, se despesas do CNPJ são pagas em contas de pessoa física, pode acontecer de o empreendedor não perceber que a lucratividade está baixa pelo fato de as contas PF acobertarem a situação.
Portanto, o ideal é, primeiramente, verificar as necessidades pessoais para saber o quanto elas demandam mensalmente. Depois, definir o valor da retirada mensal e colocá-la como pró-labore. Para economizar com incidências sobre folha de pagamento, parte dessa retirada pode ser no pró-labore e o restante feito via distribuição de lucro, que não entra na folha e é isenta de imposto.
Controlar o fluxo de caixa e o fluxo projetado
O fluxo de caixa deve ter registro de exatamente todas as entradas e saídas, mesmo de valores pequenos e individualmente irrelevantes, nas datas exatas e, se possível, com descrição dos lançamentos.
Assim, o planejamento financeiro do PJ mantém controle próximo da movimentação e facilita ao responsável identificar e analisar principalmente os custos, no intuito de encontrar oportunidades de realocar ou reduzir gastos.
Quanto ao fluxo projetado, é feito utilizando valores e datas de entradas e saídas já conhecidas, como a conta de internet — cujo valor é fixo e tem data de vencimento sempre no mesmo dia de cada mês. Para receitas e despesas que não podem ser tão exatamente previstas, é importante fazer lançamentos da maneira mais aproximada possível, mas sem deixá-las de fora das projeções.
O fluxo de caixa projetado tem o objetivo de ajudar o autônomo a prever a sua saúde financeira nos próximos meses, permitindo que ele se adiante a possíveis problemas de caixa ou se planeje com antecedência para aproveitar sobras de saldo.
Ler indicadores e relatórios
O próprio fluxo de caixa pode ser usado para destacar indicadores financeiros, como ticket médio e categorias de despesas, mas outros documentos e métricas podem ser criados ou extraídos de aplicativos e softwares de gestão financeira.
É preciso ter cuidado para estabelecer indicadores adequados, que contam com as seguintes características: confiabilidade, precisão, relevância para o cenário e capacidade de embasar a tomada de decisão.
Ou seja, o profissional liberal prestador de serviços pode monitorar resultados como margem de lucro, ciclo de recebíveis e ponto de equilíbrio, mas pode dispensar métricas como depreciação e burn rate.
Criar uma reserva financeira
Aqui temos outra prática que pode ser desafiadora, mas é de extrema importância e pode ser feita de maneira gradativa e que não gere impacto, na medida das possibilidades do responsável.
Uma boa maneira de fazer isso é retirando uma parte de cada recebimento no momento das entradas, ainda que seja de apenas 10% ou 5%, e passando esse valor para a reserva. Isso porque o impacto é menor do que aquele gerado ao separar um valor bem maior, tornando-o indisponível para uso, ao aplicar o percentual de reserva sobre os ganhos do mês todo.
Com um bom planejamento financeiro para PJ, a segurança do negócio aumenta — além das possibilidades de crescimento. E para se informar sobre questões importantes para PJs, siga nossos perfis nas redes sociais e acompanhe as novidades do blog.